#avidadeba - Chega! O último que sair, apague a luz

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Cansei de mim. Tenho vivido uma maratona intensa competindo comigo mesma, não tenho suportado nem mais os meus pensamentos, muito menos minha voz. Se suportar o próximo já era difícil, esse dias tenho evitado o contato direto para não provocar um desastre.
Sair de casa? Posso contar nos dedos as vezes que fiz sem uma rota de atividades obrigatórias. Pelo menos contemplar a chuva pela janela do meu quarto, nesses dias chuvosos tem sido um acalanto. Lembro-me de ser uma pessoa mais otimista, não sei o que aconteceu, mas não sou, ou se sou, faz tempo que não estou sendo. Tenho andado de saco cheio dessa minha pressa de realizar, de chegar, porque tenho sempre muitas coisas por fazer e ninguém entende o porque! Eu não tenho tempo pra fazer um programa legal. Aliás, não tenho tido tempo pra nada e, reconheço, que essa falta de tempo tem me tirado inclusive, de ter tempo pra mim mesma.
Me tornei praticamente uma estranha dentro de mim. Não convivo comigo. Quase que não me vejo. Não me ligo, muito menos me presenteio e já nem lembro mais do que eu gosto. Estou no modo automático. As vezes, me dou ao luxo de assistir aquela série que me transporta pra um mundo de fantasia nem que seja por alguns minutos. Depois acordo e fico com mais raiva ainda. Magoada comigo por permitir esse tipo de tortura mental. Estou desse jeito, nervosa e impaciente.
Não quero ser assim tão emburrada, sensível com o que não deve ser, insegura ao extremo! Posso mudar? Tenho que conviver com essa minha mania de múltiplos interesses, uma dualidade exaustiva e um comportamento que ninguém aceita. Isso tudo incomoda...o problema talvez seja esse! Meus pensamentos dormem e amanhecem pipocando, feito milho de pipoca na panela. Todo tempo.
Estar por um triz essa relação comigo mesma. Todo tempo, a única vontade que me dar é de sair de casa, bater a porta e nem olhar pra trás. E o último que sair que apague a luz! O tempo fechou, o clima já não é mais o mesmo, a música parou...a vida de sonho nunca vai ser real. Tenho vivido num círculo vicioso, de um tempo que só me manipula. Meu coração parece mais um terreno abandonado, daqueles que nem mais mato cresce.
Tenho precisado tanto de mim. Não posso mais viver desse jeito, sem esperança de mais nada, de cara feia. Preciso aproximar-se de novo de quem eu era. O problema é que não sei mais o caminho de volta.


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